Em 2020, Laura Simões (foto) se tornou a primeira pessoa
com síndrome de Down habilitada a dirigir no Brasil. Logo depois, ela resolveu
partilhar essa e outras experiências de vida por meio do Instagram. A mensagem
transmitida por suas histórias não é de superação e, sim, de naturalidade:
"O meu processo de habilitação foi todo muito
natural. Nas clínicas do Detran, eu não sofri capacitismo, preconceito e não
teve facilitação. Tanto o psicólogo quanto o médico me deixaram muito
tranquila, e o processo foi muito natural, como deve ser, porque direção é
muito sério", explicou a jovem de 24 anos, em um vídeo recentemente
publicado por ocasião do Dia Mundial da Síndrome de Down, comemorado nesta
sexta-feira, 21 de março.
A própria Laura afirma que o que mais limita a autonomia
das pessoas com síndrome de Down não é a condição, mas "a falta de
inclusão dentro da população padrão". Felizmente, ela pôde estudar em
escolas regulares, sempre teve muitos amigos ─ com e sem a síndrome ─ e contou
com todo o apoio da família.
"Minha mãe é uma pessoa obstinada, disposta a
qualquer coisa para o meu sucesso pessoal. Assim, nos habituamos aos desafios.
Além disso, tem a coragem do meu pai em me incentivar nas novas
experiências".
Em 2020, Laura Simões (foto) se tornou a primeira pessoa
com síndrome de Down habilitada a dirigir no Brasil. Logo depois, ela resolveu
partilhar essa e outras experiências de vida por meio do Instagram. A mensagem
transmitida por suas histórias não é de superação e, sim, de naturalidade:
"O meu processo de habilitação foi todo muito
natural. Nas clínicas do Detran, eu não sofri capacitismo, preconceito e não
teve facilitação. Tanto o psicólogo quanto o médico me deixaram muito
tranquila, e o processo foi muito natural, como deve ser, porque direção é
muito sério", explicou a jovem de 24 anos, em um vídeo recentemente
publicado por ocasião do Dia Mundial da Síndrome de Down, comemorado nesta
sexta-feira, 21 de março.
A própria Laura afirma que o que mais limita a autonomia
das pessoas com síndrome de Down não é a condição, mas "a falta de
inclusão dentro da população padrão". Felizmente, ela pôde estudar em
escolas regulares, sempre teve muitos amigos ─ com e sem a síndrome ─ e contou
com todo o apoio da família.
"Minha mãe é uma pessoa obstinada, disposta a
qualquer coisa para o meu sucesso pessoal. Assim, nos habituamos aos desafios.
Além disso, tem a coragem do meu pai em me incentivar nas novas
experiências".
Laura é apenas uma das muitas pessoas com síndrome de
Down que têm usado a internet para mostrar que têm interesses e capacidades
diversas. Não à toa, ela se apresenta nas redes sociais como Laura A Normal, ou
@lauraanormal, subvertendo o termo preconceituoso usado para classificar
pessoas com Down ou outras condições e deficiências.
"Nós temos muito conteúdo, mas nem sempre
conseguimos nos expressar bem. Às vezes também não temos espaço. Quando
juntamos os dois mundos, é maravilhoso", destaca.
Hoje, ela estuda publicidade e propaganda e pensa em
seguir com o trabalho de produção de conteúdo nas redes sociais, "de uma
forma assertiva para as pessoas que precisam de informações e esperança de uma
vida plena T21". A sigla se refere à Trissomia do 21, alteração genética
que leva à síndrome de Down, quando há três cromossomos 21 no código genético,
em vez de dois, o que é padrão. Isso provoca algumas alterações físicas e
intelectuais, mas pessoas como Laura vêm mostrando que é possível construir
autonomia e ter uma vida plena e saudável.
Zoë Avancini de Jong é mais um exemplo. A jovem de 18
anos gosta de mostrar sua rotina no Instagram e no YouTube, como a maioria das
garotas e garotos dessa idade. Assim como Laura, ela também acha importante que
as pessoas com a síndrome falem com naturalidade sobre a condição:
"Algumas pessoas não gostam, mas, pra mim, não tem problema, porque eu amo
ser assim".
A mãe de Zoë, Marta Avancini, é jornalista e atualmente
faz parte da coordenação da Fundação Síndrome de Down, em Campinas, São Paulo.
Ela acredita que a família é essencial para construir a autonomia das pessoas
com síndrome de Down, mas diz que esse é um trabalho delicado.
"Ao mesmo tempo que você tem que dar uma atenção
para um monte de questões de saúde, do desenvolvimento cognitivo, você tem que
ter um olhar positivo, trabalhando a autoestima. O segredo é olhar para a
pessoa, não para a deficiência. Cada vez que você olhar para o seu filho, ou a
sua filha, você tem que enxergar a pessoa que ela é. As necessidades de uma
criança com deficiência intelectual não são diferentes, no fundo. Há
especificidades, necessidades particulares, mas isso não é assim com toda criança,
com todo ser humano?" complementa Marta.
Mas o preconceito da sociedade joga contra, e mesmo
pessoas "bem-intencionadas" podem acabar infantilizando as pessoas
com Down, e impedindo que elas vivam experiências positivas. "No fundo é
capacitismo, 'coitadismo', uma visão quase assistencial de que a pessoa com
síndrome de Down, antes de qualquer coisa, precisa de ajuda", explica a
mãe de Zoë
A jovem está terminando o ensino médio e planeja estudar
publicidade e marketing, no ensino superior. Muitas vezes, essas atitudes
normais acabam surpreendendo as outras pessoas, que não esperam que jovens com
síndrome de Down possam viver as mesmas experiências dos jovens padrão.
"Eu tenho um namorado que não tem a síndrome e eu amo muito", conta
Zoe.
Até mesmo Marta, que é engajada no movimento pelos
direitos da população T21 confessa que "pirou" quando o namoro
começou: "Eu fiquei com medo ─ simplesmente porque essa possibilidade
nunca tinha passado pela minha cabeça. Isso é uma manifestação de
capacitismo."
Laura também diz que ainda é muito subestimada pelas
pessoas, inclusive por quem a conhece, e que suas opiniões muitas vezes são
invalidadas por causa do preconceito. Mas não se deixa abalar por isso.
"Penso em terminar a faculdade, fortalecer a minha
independência e, principalmente, a interação social, porque ninguém é feliz
sozinho!"