As investigações da Gerência de Combate ao Crime
Organizado (GCCO) e da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), no
âmbito da Operação Falso Profeta, identificaram a constituição de empresas por
parte de uma facção criminosa, com o objetivo de ocultar os valores adquiridos
por meio das extorsões aos comerciantes e que seriam remetidos para o grupo
criminoso no Estado do Rio de Janeiro.
O funcionário de um supermercado e uma mulher, que recebe
auxílio do Governo Federal, foram identificados como supostos proprietários de
uma distribuidora de bebidas e de uma drogaria, levantando fortes indícios de
serem "laranjas" da facção.
A Operação Falso Profeta foi deflagrada na quinta-feira
(20). O objetivo da ação foi desarticular um esquema de extorsão e lavagem de
dinheiro praticado por uma facção criminosa contra estabelecimentos comerciais
que atuam na distribuição de água mineral em Cuiabá e Várzea Grande.
As investigações mostram que o alvo principal da
operação, U.B.S., apontado como mentor do Projeto Água e que atuava como pastor
sênior em uma igreja no bairro Pedra 90, em Cuiabá, recebia quantias vultuosas
de pessoas jurídicas fraudulentas. Posteriormente, os valores eram passados
para integrantes da facção, um deles morador da cidade de Duque de Caxias, no
Rio de Janeiro.
Entre as pessoas jurídicas identificadas, está uma
drogaria que teria realizado transações financeiras com o pastor, sem aparente
fundamentação. Em apenas uma das transações foi identificado o valor de R$ 234
mil enviados pela empresa para conta do investigado. Uma distribuidora de
bebidas, também identificada como pessoa jurídica que realizava transações
financeiras para a facção, chegou a fazer em uma das transferências o
encaminhamento do valor de R$ 102.128,00.
Empresas
As investigações apontaram que as empresas possuem
capital social declarado com valores significativos, que podem chegar a R$ 800
mil, indicando uma estrutura financeira robusta, mas que estão em nome de
pessoas de vida humilde, que certamente não são recebedoras das grandes
quantidades financeiras e que podem estar sendo utilizadas como “laranjas” da
facção.
Em relação à distribuidora de bebidas, foi identificado
que a empresa está em nome de funcionário de um supermercado, que não aufere
grandes quantias pela sua mão de obra e muito menos exerce atividade
empresarial.
Já a drogaria bebida está em nome de uma mulher, mãe de
quatro filhos, que recebe ajuda do Governo Federal e que vive em situação que
não condizem com a de uma proprietária de uma empresa.
Em diligência presencial, foi confirmado que no endereço
informado como da drogaria, não há qualquer estabelecimento comercial físico,
fato que reforça a irregularidade da empresa e assim como possível uso do CNPJ
para atividades irregulares.
Operação Falso Profeta
Deflagrada com base em investigações iniciadas em
novembro de 2024, a Operação Falso Profeta tem o objetivo de desarticular um
esquema de extorsão e lavagem de dinheiro praticado por uma facção criminosa
contra estabelecimentos comerciais que atuam na distribuição de água mineral em
Cuiabá e Várzea Grande.
As investigações conduzidas pelos delegados Gustavo Belão
e Rodrigo Azem Buchdid identificaram o pastor U.B.S. como líder da facção
criminosa e mentor do esquema de extorsão contra os comerciantes. O investigado
está foragido no Estado do Rio de Janeiro.
A operação integra o planejamento estratégico da Polícia
Civil no combate às facções criminosas, por meio da Operação Inter Partes,
dentro do programa Tolerância Zero, do Governo do Estado.
Disque Extorsão
O Governo de Mato Grosso lançou o serviço "Disque
Extorsão contra Facções Criminosas", para denúncias pelo telefone 181 e
virtual, por meio do programa Tolerância Zero. O novo canal é exclusivo para
este tipo de serviço, permitindo denúncias anônimas, com sigilo garantido.