Pesquisadores em Mato Grosso estão desenvolvendo
nanopartículas a partir de coprodutos da cafeicultura, como fruto inteiro do
café verde, a casca e película prateada, ricos em compostos fenólicos, minerais
e antioxidantes, visando a utilização na indústria farmacêutica e alimentícia.
A nanotecnologia é considerada a forma mais estável,
eficaz e segura para essa aplicação, garantindo maior permeação cutânea e
conservação das propriedades bioativas do composto.
A iniciativa permitirá a realização de testes para a
produção massiva, além do desenvolvimento de formulações lipossomas, que são
pequenas vesículas esféricas compostas por uma ou mais camadas de lipídios,
semelhantes. Os lipossomas funcionam como transportadores de ingredientes
ativos, melhorando sua permeação e eficácia na produção de cosméticos, sabonete
líquido, água micelar, hidratante facial e hidratante para a área dos olhos.
Essa tecnologia visa potencializar a eficácia terapêutica
e a segurança biológica do extrato, o que é essencial para sua utilização na
indústria cosmética.
O projeto recebeu incentivo financeiro do Edital
001/2019/Centelha Bolsa Desenvolvimento Tecnológico e Industrial, do Governo do
Estado, gerido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso
(Fapemat), e está sendo conduzido pela empresa Cafenólicos, coordenada pela
pesquisadora farmacêutica doutora Wanessa Costa Silva Faria, com participação
do discente em doutorado Luciano Carlos de Arruda.
Os resultados esperados incluem a padronização do
processo de extração em larga escala, garantindo reprodutibilidade no
rendimento e no teor de substâncias ativas. Além disso, busca-se encontrar
fornecedores que atendam aos padrões de qualidade e ofereçam um preço
acessível, possibilitando a produção industrial de um produto de alta
qualidade.
O impacto esperado desse estudo vai além da indústria
cosmética. O café verde, muitas vezes considerado um subproduto da
cafeicultura, pode se tornar uma base para novos ingredientes farmacêuticos e
alimentícios. Espera-se que a iniciativa também incentive a produção de cafés
orgânicos, agregando valor à cadeia produtiva e facilitando a obtenção de selos
de qualidade para os produtos derivados.
“A indústria farmacêutica tem demonstrado crescente
interesse em compostos bioativos extraídos de vegetais, devido aos seus
diversos benefícios à saúde, como ação antioxidante, antiobesogênica,
anti-hipertensiva e anticancerígena. Estudos indicam que o café verde possui
maior concentração desses compostos em comparação ao café maduro, tornando sua
extração em larga escala um projeto promissor”, acrescentou Arruda.
Entre os principais objetivos do projeto, estão a
prestação de serviços técnicos no desenvolvimento de nanoestruturas com extrato
do café verde, a busca por orçamentos, a qualificação de fornecedores e a
produção em larga escala dos extratos vegetais.
“Dessa forma, o projeto se posiciona como uma inovação
estratégica para os setores cosmético e farmacêutico, promovendo
sustentabilidade e aproveitamento integral do café verde”, destacou a
coordenadora do projeto, doutora Wanessa Faria.