O projeto Melhoramento Genético do Rebanho Leiteiro do
Estado - Transferência de Embriões, do Governo de Mato Grosso, começa a
apresentar resultados positivos em Pontes e Lacerda. Novilhas girolando
meio-sangue, que nasceram pelo projeto, estão produzindo leite até 200% acima
da média do Estado na primeira gestação, confirmando a importância do
melhoramento genético para o desenvolvimento da cadeia leiteira no
Estado.
Realizado com investimentos da Secretaria de Estado de
Agricultura Familiar (Seaf), o projeto tem a parceria da Empresa Mato-grossense
de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) e da Prefeitura de Pontes e
Lacerda.
Jonas de Carvalho, empreendedor do campo em Pontes e Lacerda, conta que, na
sua propriedade, cinco bezerras nasceram dos embriões transferidos em 2022,
quando o projeto começou no município. Elas pariram recentemente com
aproximadamente 22 meses de vida, o que ele classifica como
“surpreendente”.
Por dia, revela o produtor, cada novilha do projeto chega a
produzir 15 litros, o que supera a produção das suas outras vacas. “Neste ano,
participei com quatro prenhezes confirmadas e estou ansioso para que elas
nasçam e comecem a produzir. Eu não sabia que esse projeto existia, mas não
tinha noção de que poderia ter esses resultados”, destaca.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022,
apontam que a média da produção de leite por animal por dia em Mato Grosso é de
4,66 litros.
A precocidade reprodutiva das novilhas foi uma surpresa para
o produtor Ildo Vicente de Souza, que teve sete bezerras nascidas depois da
transferência dos embriões, sendo que uma delas pariu com 21 meses de vida.
Atualmente, as novilhas produzem cerca de 10 litros por dia.
“É importante destacar que, além do aumento da produção de
leite, o projeto traz também um ganho genético muito importante para o
produtor. Os resultados são muito bons”, avalia Ildo.
Também beneficiado pelo projeto de transferência de embriões
da Seaf, o produtor Jânio Alencar Leme relata que as novilhas, que nasceram da
etapa de 2022, estão produzindo cerca de 12 litros por dia.
"Os resultados da transferência dos embriões são muito
bons. Acho muito importante o pequeno produtor ter ações como essas feitas
pelo Governo para que possa se desenvolver. Para fazer a transferência de
embrião de forma particular é muito caro. Agora, com o apoio financeiro da
Seaf, da prefeitura e as orientações da Empaer, podemos ter esse melhoramento
genético com raças que são caras”, conta Jânio.
As novilhas são frutos de transferência de embrião do projeto que iniciou, em
Pontes e Lacerda, em 2022. Nesta primeira etapa, 31 produtores participaram com
nascimento de 94 bezerras girolando meio-sangue. Os embriões são produzidos em
laboratório por fertilização in vitro (FIV). São utilizadas vacas doadoras Gir
e touros Holandeses de alta produção, e transferidos para vacas comuns do
rebanho de cada produtor, as receptoras.
“Temos tido relatos importantes sobre os resultados do
projeto de melhoramento genético da Seaf e isso nos mostra que estamos no
caminho certo. Temos que investir no pequeno empreendedor rural, segurar na mão
dele, para que ele possa começar e depois desenvolver a produção com
sustentabilidade. Neste projeto, eles também puderam constatar os avanços que a
tecnologia e o manejo correto trazem”, destaca a secretária de Estado de
Agricultura Familiar, Andreia Fujioka.
A extensionista e veterinária da Empaer, Rafaela Sanchez de Lima, destaca que é
importante considerar que a região passava pelo período de seca e que a
alimentação é feita a pasto na maior parte dos casos, o que mostra a boa
genética das novilhas e a boa produção se comparadas a média de produção da
região.
“O projeto vem surpreendendo todos os que estão envolvidos.
Dos animais já nascidos, várias novilhas entraram em puberdade com 11 meses,
demonstrando a precocidade delas. E com os ajustes nutricionais necessários
elas poderão produzir muito mais leite”, diz Rafaela, que atua na região com a
também extensionista, Loana Longo.
Neste ano, o projeto entrou na terceira etapa. Na primeira e
na terceira, a Seaf pagou 80% do valor por prenhez e os produtores deram a
contrapartida. Na segunda, quem fez o aporte foi a Prefeitura de Pontes e
Lacerda, com metade do valor da prenhez e os produtores dando a outra metade
como contrapartida. A Empaer deu o suporte técnico em todas as etapas.
Do começo do projeto até este ano, 46 produtores já foram beneficiados no
município. Neste período, nasceram 192 fêmeas girolando meio sangue.