A cesta básica de alimentos essenciais para uma família
brasileira já compromete mais da metade do novo salário mínimo de R$
1.518, que entrou em vigor em 1º de janeiro deste ano. Segundo estimativa do
Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o
custo médio do grupo de alimentos deve ficar em R$ 850 em janeiro, o que
representa 56% do novo piso nacional.
Com o valor é possível comprar 1,79 cesta básica, de
acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, que analisa
os preços em 17 capitais todo mês. É a maior quantidade desde 2020.
Em relação a janeiro de 2024, mês do penúltimo reajuste,
quando o salário mínimo foi para R$ 1.412 e a cesta custava R$ 793,39, o poder
de compra do piso era equivalente a 1,78 cesta.
O grupo de alimentos é composto por 13 itens definidos em
decreto de 1938, base para o cálculo do valor do salário mínimo necessário para
a sobrevivência de uma família. Fazem parte itens como carne, leite, feijão,
arroz, farinha, batata, legumes, pão, café, frutas, açúcar, óleo e manteiga, e
a quantidade varia dependendo da região.
Com a alta da inflação nos últimos meses do ano, todas as
capitais pesquisadas tiveram elevação nos preços médios da cesta básica, com
variações entre 1,85%, em Porto Alegre, e 10,72%, em Campo Grande, segundo a
pesquisa de novembro do Dieese.
Novo piso nacional
O salário mínimo deste ano teve um aumento de
R$ 106 em relação a 2024, de R$ 1.412 para R$ 1.518. A quantia representa
reajuste total de 7,50% e real de 2,5% (acima da inflação).
O cálculo soma a inflação de 4,84%, medida pelo INPC
(Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE, para o período de dezembro
de 2023 a novembro de 2024, acrescido do percentual de 2,5%, como estabelecido
pela lei que alterou o Novo Arcabouço Fiscal e a Política Nacional de
Valorização do Salário Mínimo.
O Dieese estima que o salário mínimo é a base da
remuneração de 59,9 milhões de trabalhadores. O valor tem impacto
nas aposentadorias, pensões e outros auxílios pagos pelo INSS, assim
como o seguro-desemprego, do abono salarial PIS/Pasep e do BPC (Benefício de
Prestação Continuada).
O acréscimo de cada R$ 1,00 ao salário mínimo tem impacto
estimado de R$ 365,9 milhões ao ano sobre a folha de benefícios da Previdência
Social.
O órgão estima mensalmente o valor do salário mínimo
necessário baseado no custo da cesta básica. Em novembro, o salário mínimo
necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ser R$
6.959,31 ou 4,93 vezes o mínimo de R$ 1.412,00.