A safra brasileira terminou 2024 com a produção de 292,7
milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas, o que representa
recuo de 7,2% em relação à safra 2023. A estimativa faz parte do Levantamento
Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado nesta terça-feira (14) pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado esperado de 2024 fica 22,7 milhões de
toneladas abaixo da colheita de 2023, que alcançou 315,4 milhões de toneladas.
A última vez que o Brasil experimentou queda na safra foi em 2021, com recuo de 0,4%.
O LSPA é uma estimativa mensal do IBGE para a área
plantada e a produção agrícola brasileira. Esta foi a décima edição referente a
2024, ou seja, o prognóstico final para a safra do ano. O tamanho real da safra
brasileira será informado pelo instituto na Pesquisa Agrícola Municipal, que
será divulgada apenas em setembro.
Apesar do recuo na produção, a LSPA indica que a área
colhida em 2024 alcançou 79 milhões de hectares (para se ter uma ideia, os
estados de São Paulo e Minas Gerais somam extensão territorial de 835 milhões
de hectares), crescimento de 1,6% em relação a 2023. Isso representa uma área
colhida 1,2 milhão de hectares maior, ou seja, além da produção, caiu a
produtividade da safra.
De acordo com o gerente de agricultura do IBGE, Carlos
Guedes, questões climáticas explicam a queda na produtividade. “Houve atraso no
plantio da soja por problemas climáticos, principalmente nas regiões
Centro-Oeste e Sul. Houve excesso de chuvas no Sul do país, com as enchentes no
Rio Grande do Sul, que destruíram algumas lavouras de arroz, soja e milho 1ª
safra [o cereal tem duas safras anuais]. Isso sem contar as altas temperaturas
e poucas chuvas na 2ª safra, afetando o milho e o trigo”, explicou.
Produtos
A soja é o principal produto agrícola brasileiro, com
produção estimada de 144,9 milhões de toneladas. Em seguida, figura o milho,
como 114,7 milhões. O arroz, com 10,6 milhões de toneladas é o terceiro
principal produto. Juntos, os três alimentos representam 92,3% da estimativa da
produção e 87,2% da área a ser colhida.
Analisando estado por estado, o levantamento revela que o
Mato Grosso é o maior produtor nacional de grãos, com participação de 31,4%,
seguido por Paraná (12,8%), Rio Grande do Sul (11,8%) e Goiás (11,0%).
Em relação às regiões, o Centro-Oeste lidera a produção
de cereais, leguminosas e oleaginosas, com 144,6 milhões de toneladas (49,4% do
total). Em seguida aparecem o Sul, com 78,3 milhões de toneladas (26,8%); o
Sudeste, com 25,8 milhões de toneladas (8,8%); o Nordeste, com 25,8 milhões de
toneladas (8,8%); e o Norte, 18,2 milhões de toneladas (6,2%).
Estimativa para 2025
O IBGE divulgou também um prognóstico para a safra 2025.
De acordo com o levantamento, a safra brasileira de 2025 deve somar 322,6
milhões de toneladas, uma alta de 10,2% em relação à de 2024 – 29,9 milhões de
tonelada a mais.
De acordo com Guedes, o crescimento se deve à recuperação
da safra de soja, que passou por muitos problemas em 2024. “Isso se soma às
condições climáticas favoráveis às lavouras na maior parte do Brasil, mesmo com
atraso no início do plantio. Os produtores conseguiram recuperar o atraso,
utilizando-se de alta tecnologia. Tem chovido de forma satisfatória na maioria
das regiões produtoras, o que beneficia as lavouras que estão em campo, como a
soja e o milho de 1ª safra”, completou.